Nas estradas do Texas, uma campanha de conscientização instalou diversos sinais eletrônicos de alerta sobre o número de mortes por acidentes de trânsito no ano. A ideia era tentar criar uma mudança de comportamento nas pessoas, que se assustariam com o grande número de acidentes, agindo com maior prudência.
Para medir os efeitos da campanha, o Departamento de Transportes do Texas passou a usar os sinais por apenas uma semana no mês. Dessa forma, os cientistas conseguiram comparar o número de acidentes nas mesmas condições, nas mesmas estradas, na mesma época do ano, na mesma hora do dia, no mesmo dia da semana. A única diferença era a presença do sinal de alerta ou não.
Após 8 anos e 880 sinais de alerta observados, o estudo chegou a uma conclusão. O número de acidentes aumentou com a presença dos alertas. A estimativa era que a campanha de avisos causou 2.600 acidentes e 16 mortes adicionais por ano, apenas no Texas. Os sinais, feitos para roubar a atenção das pessoas e assustá-las, acabaram cumprindo o seu papel. Eles roubaram a atenção dos motoristas. E fizeram isso no pior momento, quando a atenção deveria ser toda para dirigir o carro na estrada.
Na psicologia, o pessoal usa o termo carga cognitiva para o esforço que aplicamos na nossa memória. A nossa memória é capaz de armazenar uma quantidade de informação limitada, por um pequeno espaço de tempo. E o problema é que, quando estamos fazendo duas atividades ao mesmo tempo, a nossa capacidade de armazenamento diminui muito. Pense, por exemplo, que você precisa memorizar o telefone de um contato por poucos segundos, ao tentar tirar a informação de um email e armazenar na sua lista de contatos do celular. É algo simples, e você consegue armazenar essa informação por alguns segundos, realizando a tarefa, certo? Mas se estiver no meio de um bar, no meio de uma conversa, a carga cognitiva pode acabar sendo grande demais para que você consiga processar tudo ao mesmo tempo. Tudo se torna muito mais difícil.
A ideia do estudo das estradas do Texas era que os sinais de alerta aumentavam a carga cognitiva dos motoristas, que já era alta no momento de direção. Os sinais literalmente diminuíram o poder de processamento do cérebro dos motoristas no momento em que eles mais precisavam. A conclusão foi muito simples: remover as campanhas de alerta era uma forma barata de aumentar a segurança das rodovias.
Aparentemente, devemos remover sinais de alerta, e não adicionar. Subtrair.
Aprofundando no tema, me deparei com um outro caso americano e com a ideia do efeito árvore de Natal. Ao desenhar um novo uniforme para o exército americano, todos os ajustes envolviam adicionar algum elemento de segurança ao uniforme - como adicionamos enfeites em uma árvore de Natal. Obviamente, no fim, o uniforme ficou pesado demais. Todo o processo de design do uniforme foi reiniciado para que o resultado fosse, sim, mais eficiente e seguro, mas também mais leve.
Nós humanos temos uma enorme tendência em resolver problemas adicionando fatores, e esquecemos de buscar soluções mais simples, que subtraem elementos. Achamos que adicionar é enriquecer, melhorar. Fazemos como a montagem de uma árvore de Natal, que deve ser sempre muito cheia de enfeites.
A ideia é entender que subtrair não é sobre piorar ou empobrecer a solução, mas, sim, sobre eliminar elementos para que o verdadeiro problema em questão possa ser, enfim, resolvido. Se esse problema for de fato solucionado, vamos ter sucesso. Essa é a base para qualquer negócio, empresa, trabalho, empreitada que qualquer um de nós se disponha a realizar. Resolver um problema, da forma mais simples e mais barata possível. Isso vale para qualquer aspecto das nossas vidas: trabalho, saúde, relacionamentos.
Pare e pense: existe algo que você faz todos os dias que tem criado mais atrito que o normal? Algo que cria mais problema que solução? Às vezes, você mesmo tem feito isso e nem percebe. Você mesmo complicou demais a situação. Adicionou muitos enfeites à sua árvore de Natal.
A solução muitas vezes não é adicionar mais, como em uma árvore de Natal. É apenas subtrair.